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O transporte de bens é uma atividade que gera benefícios não apenas para os proprietários das mercadorias sujeitas ao transporte como também para o prestador do serviço. Isto é sempre assim, qualquer que sejam os meios e modos em que se efetue o transporte.

Embora resulte óbvio é conveniente lembrar que a demanda de transporte se origina e se sustenta em determinados níveis do intercâmbio de bens, manufaturados ou não. Em outras palavras a quantidade de transporte demandado virá do volume do comércio.
 
 

Convenhamos que se a demanda do Comércio supera a oferta de depósito, inflexível em curto prazo, os preços do transporte aumentam até alcançar um máximo. Esse preço máximo é o que estará disposto a pagar o comerciante pelo transporte de seus bens e a partir de qual não obtém benefício de suas transações internacionais.

Admitamos por hipótese que os ciclos dos mercados (altas e baixas) não se produzem por casualidade, ou pelo capricho de um indivíduo, mas, que coincidem um conjunto de fatores, complexos em sua origem e diversos em seus interesses e em suas manifestações. Entende-se que os mercados não reflitam situações de transparência ou simplicidade, mas que pelo contrário, manifestem os conflitos de interesses entre diferentes setores -privados ou oficiais-na luta pela obtenção e maximização de seus benefícios.
 
 

  O comércio exterior da Argentina

 
 
No caso do transporte internacional de mercadorias, os fluxos do comércio se manifestam através do volume de bens exportados e importados.

O transporte marítimo de matérias primas (de exportação ou importação) é muito mais sensível às flutuações da demanda no mercado internacional que aquele em que se transportam manufaturas e semimanufaturas, (normalmente em contêineres e baseadas em transações regulares e estáveis no tempo).

Também poderíamos convir que certas mercadorias, pelas suas características físicas, natureza e ciclos de demanda, são cativas do transporte marítimo enquanto que outras, por condições opostas, o são do transporte aéreo ou do terrestre, ainda que neste último caso incida questões de índole geográfica e até de vizinhança dos mercados produtor e consumidor.

O comércio exterior da Argentina tem se manifestado de diferentes formas nos últimos anos. Houve períodos de crescimento e outros nos que a estagnação é notória. Poderíamos concluir que os resultados do comércio exterior expressam de alguma maneira a situação econômica de um país.

Segundo pode se extrair das estatísticas do comércio exterior argentino, sua distribuição espacial apresenta em primeiro lugar o Mercosul como o âmbito com maior nível de intercâmbio (26.3%). Enquanto o Mercosul é um bloco integrado por países vizinhos, poderíamos concluir que se faz um uso intensivo do modo terrestre, do fluvial e do marítimo para o movimento de um grande volume de cargas (a granel). Aprecia-se também que uma boa porção do intercâmbio se realize desta última maneira para o transporte de carga geral (manufaturas e semimanufaturas) entre a Argentina e o Brasil. No caso da NAFTA, o intercâmbio com a Argentina ocupa o segundo lugar, também com 24.2% aproximadamente. Claro, que os EE.UU. lidera as vendas e compras da Argentina, embora o intercâmbio com o México esteja aumentando notavelmente.

O principal vínculo com este mercado é o modo marítimo e através dos portos localizados na Costa Este dos EE.UU. e no Golfo do México.

Em matéria de transporte, o marítimo leva novamente a parte do leão, o que parece bastante lógico se atendemos a incidência dos fretes sobre os custos dos bens transportados.

Cabe destacar que o volume de importações deste mercado é praticamente similar às compras que realiza a Argentina no Mercosul (33.17% versus 33.67%).

O intercâmbio entre a União Européia e a Argentina aparece em terceiro lugar com aproximadamente 19.5%. As rotas tradicionais para a carga geral são duas: O Mar do Norte (com volume maior) e o Mediterrâneo. Em ambas os serviços prestados pelas companhias de navegação são, além de regulares pelas suas freqüências, de boa qualidade.

O nível de serviços poderia sofrer pela queda na demanda de importações, o que repercutirá sem dúvidas nos tarifas que pagam as exportações, fundamentalmente as de Manufaturas de Origem Agropecuária (MOA) e, em menor medida as de Origem Industrial. Quanto às exportações de produtos tradicionais, tanto o preço dos produtos quanto o das tarifas de transporte que se obtém, estão sujeitas às variações do mercado.

 
 

  Oriente e Oriente Médio

 
 
Pensando em termos de transporte, nos encontramos com um dado no qual devemos nos deter: se somarmos o volume de intercâmbio com os países de Oriente e do Oriente Médio (incluídos os da ASEAN e outros que se encontram na mesma rota) se alcança 6.170 milhões da moeda americana, o que coloca esta região e os serviços marítimos, referindo-se ao mercado de fretes, apenas abaixo da NAFTA.

Existe a certeza de que em curto e médio prazo o volume de intercâmbio nesta rota crescerá de forma notória.

As razões: aumento do comércio dos países integrados no Mercosul com a China e a Índia e outros do sudeste asiático.

No momento o tráfego encontra-se servido com satisfação, começaram a se apresentar novos negócios para os exportadores da região a partir dos quais será necessário maior freqüência nos serviços.

 
 

  Conclusão

 
 

O crescimento verificado no comercio exterior dos países desta região do mundo demandará no futuro mais ou menos imediato, uma atenção maior das empresas de navegação internacionais, basicamente porque estamos diante de um novo perfil e orientação do volume de intercâmbio.

A chamada rota "Sul-Sul" começou a gerar um volume de negócios que muito provavelmente a coloque entre as mais importantes nos próximos cinco anos.

O tráfego para e da Europa se projeta com acréscimo a partir do acordo Mercosul-União Européia. Nesse mesmo sentido deverá ser visto em quanto diminuirá o intercâmbio a incorporação de dez novos sócios para a UE.

Os portos da região devem se preparar para absorver as mudanças qualitativas que estão previstas no intercâmbio e nos serviços de navegação; haverá portos que se desempenharão como feeders e outros que serão hubs regionais para facilitar o transbordo. Para vê-lo, somente será necessário um pouco de paciência.